De Onde Eu Vim

 De onde eu vim, palavras eram o bastante para algo realmente puro e verdadeiro, de onde eu vim, quando eu olhava da janela, o mundo era colorido, havia paz, no meu coração, mesmo que o grito incessante das pessoas que estavam ao meu redor fosse ensurdecedor, eu podia olhar e fingir ser um super-herói, eu podia ser o que quiser, mas eu era a única coisa que eu queria ser agora, uma criança. O frio chegava e eu apenas observava a inquietante fábrica que estava logo abaixo de casa, era tudo tão perfeito, o horizonte era calmo, e eu podia chegar aos céus, nas nuvens que formavam estranhas figuras conforme eu via-as de tal maneira.


 O lugar de onde eu vim, não era diferente de qualquer outro lugar, mas era meu lugar, eu podia imaginar tudo o que eu quisesse, soltar pipa o dia inteiro, podia pular o muro e me ver em outro lugar, lá haviam morangos numa construção logo abaixo, e eu tinha medo de descer até lá, mas sempre tinha alguém para me buscar o que queria. Acredito que quando se é criança a gente nunca acha que vai sair de onde veio, pois para nós é o único lugar que existe, aonde nos sentimos nós mesmo, o lugar que chamamos de "casa".


 Se um dia eu voltar, acredito que não reconheceria nem metade do que reconhecia nos meus tempos de criança, seria nada diferente do que aqui é, porque de onde eu vim, eram outros tempos, as pessoas não sabiam o que era dor, pelo menos eu não via isso, de onde eu vim, os filmes da tarde e os desenhos da manhã resumiam todo o meu dia, as músicas eram outras, o tempo passava devagar e parecia que meus pais não envelheciam, as pessoas não morriam, não sabia o significado de tristeza ou dor no coração, demorei muito para descobrir que o melhor lugar para se estar é o lugar de onde nunca deveria ter saído, minha infância, querida infância.

 Ao som de:

Impossibilidades - Fresno

You Won't See Me - The Beatles

Helena - My Chemical Romance

A Sete Palmos do Chão - Fresno

Last Flowers To The Hospital - Radiohead