Era um lindo casal, que morava em uma linda casa ao redor de um parque. Todos os dias observavam as crianças brincarem, todas felizes e sorridentes, como a perfeição de uma flor recém-nascida. Apesar de lindos, eles não eram perfeitos, e viviam em discussão sobre tudo, principalmente o fato dela não poder ter filhos.
Mas talvez no fundo se amassem, mas o ódio lhe parecia algo maior, e falar, se ver, se tocar todos os dias estava os deixando fartos de tudo aquilo. Eu os via muitas vezes juntos no inicio, depois já nem os via mais de mãos dadas e sorrindo. Talvez eles finjissem muito bem, ou apenas não queriam demonstrar infelicidade diante aos fatos.
Mas o fato era que eles eram infelizes, e dava para ver há muito tempo o ódio, principalmente nos olhos dele, só não imaginava no quanto esse ódio os levaria. Certa noite caminhava pelo parque, estava um céu estrelado e um pouco avermelhado ao fundo crepuscular, os gritos quebravam a beleza do ambiente, as crianças já não estavam no parque, e os gritos eram incessíveis.
Eu os escutava atentamente, palavrões que rasgavam os ouvidos, voz trêmula e choros que pareciam berros. Poderia ter ido para casa, mas meu censo de ajuda falou mais alto, e eu fui, sabia que estava prestes a acontecer uma tragédia. Não poderia esperar para isso, e fui apartar a briga de sangue, infelizmente fora nesse dia em que eu morri.
Era realmente um casal lindo, não poupou esforços em me colocar delicadamente no parque e esperar meu cheiro chamar atenção. Narro isso, pois percebi que eles compareçeram ao meu enterro, e estavam mais felizes do que nunca, não negando as lágrimas pelo feito, mas acho que fora necessário isto para eles perceberem que poderiam ser um casal perfeito. Com um toque leve de sangue nas mãos, fico feliz por eles. (=
Ao som de:
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