A porta está aberta... ninguém entrou até agora. Me pergunto se eu a deixei assim com esperanças, se é que eu ainda tenho esperanças. Mais alguém morreu, quantas vezes a gente vê isso? Talvez minha alma - se é que eu tenho uma - não está acostumada com tudo. Minha profunda empatia me mata, me apavora, me consume. Não faz tanto tempo assim, que alguém foi embora, que eu beijei um vidro de um caixão, na profunda esperança de nunca mais chorar novamente. A gente nunca está preparado, quando alguém se vai, a gente nunca diz adeus, e nunca mais vê a pessoa novamente. O vazio aumenta a cada amor perdido, a cada ilusão... o mundo já não faz sentido. E eu apenas observo, exatamente tudo, o comportamento das pessoas... devo aderir a ele ou tentar ser eu mesmo?
Eu queria saber se a felicidade que senti nesses 8 meses foi o suficiente para sobreviver a esses dias de tormenta. Ainda se passarão anos, décadas, séculos... e eu ainda assim terei me sentido menos vivo do que os outros. As lágrimas escorrem, percorrem meus braços, o sangue que está ali, vivo, me mantendo alerta... tristemente sóbrio. E a dor aumenta, o que dizer? Que sinto falta? Sentir falta é para pessoas sem propósito moral, essas são melhores do que eu. Egoísta e prepotente. Se você hoje chora, amanhã sorri, e olha as pessoas, todas sendo felizes sem precisarem ao menos de uma conversa tua. O que tu pode ser diante a isso? Ninguém. Me perguntaram se eu sou feliz... e eu não soube responder.
Acho que me acostumei, a olhar fotos, contar fatos... a polêmica de minhas palavras frias, como se eu fosse completamente vazio de sentimentos. A vida me fez assim, mesmo com a porta aberta... o sol entra por ela, mas o tempo não volta. Maldito tempo, que me fez envelhecer, que me fez perder tudo o que mais amava nesse mundo. Eu só queria saber, se devo ou não continuar a ver tudo da mesma forma. Hoje eu volto, como se estivesse em meus tempos de criança, assistindo as brigas e desavenças por trás do sofá, socorrendo os corpos caídos das pessoas que um dia amei, observando quem está ao meu lado me odiar, falar por entre meus ouvidos coisas que eu não faço ideia, que me tornam em uma pessoa falsa, algo que eu não sou.
Por que é sempre assim, a gente pensa que faz falta, uma festa a menos ou uma a mais... as pessoas nos usam como se fossemos simples cobaias de uma experiencia falha, chamada "afeto". Eu não entendo a capacidade idiota que pessoas imbecis tem de generalizar tudo, como se viéssemos com um rótulo, com um código de barra e um preço exato. Como se já não fosse o bastante a pressão psicológica que estamos expostos a cada dia. Eu e você, a gente passa por tudo... eu já passei por isso. Será que tu vai lidar como eu lidei? Eu não sei lidar. Não sei nem ao certo em que acredito, muito menos para onde ir agora. Estou me desapegando de tudo e de todos... o mundo parecia ser menos cruel a um tempo atrás... mas eu acho que apenas abri os meus olhos, e o que eu vejo? A morte, apenas... e a porta ainda está aberta.
Ao som de:
Voltar ao Normal - Hateen
Seize The Day - Avenged Sevenfold
Não Leve a Mal - Fresno
Everything Will Be Allright - The Killers
Lembranças de Maio - Gloria
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